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Festival Outros Nativos – Carimbó leva os dois primeiros prêmios


>Postado em: 2 out 2019

Geraldinho Roots | *Foto: João Urubu

O Carimbó foi o grande vencedor do Festival Outros Nativos, cuja final realizou-se na sexta-feira passada, dia 27, no Clube Casota, em Belém. Os primeiro e segundo lugares foram conquistados por artistas que defendiam esse ritmo tradicional do Pará. Geraldinho Roots foi o vencedor do primeiro lugar, defendendo a música “Carimbó da Resistência”, tendo sido também o primeiro lugar entre o voto popular. Já Iris da Selva, uma jovem compositora de 23 anos, assegurou o segundo lugar com a canção “A Sereia do Rio”, também um carimbó.

O terceiro lugar, tendo a maior pontuação segundo o voto do júri, foi a única banda de rock que disputava a final, a banda Steamy Frogs, com a canção a ponte. Os “frogs” impressionaram os jurados e público com uma performance cênica que em muito lembrou as apresentações de Ney Matogrosso no extinto Secos e Molhados. Com os rostos e os corpos pintados, os integrantes da banda fizeram uma apresentação frenética e empolgante.

“A gente ficou muito feliz com a apresentação, que foi considerada por alguns como uma das melhores apresentações do festival. A gente deu o nosso máximo e foi muito legal a interação com o público. A gente se sentiu muito honrado de poder participar e ainda ganhar o terceiro lugar no festival porque havia artistas e bandas incríveis, com apresentações espetaculares”, contou Felipe Mendes, compositor da música “A Ponte” e tecladista da Steamy Frogs.

Já Geraldinho Roots chegou com a força de uma comitiva de grupo folclórico, com curimbós, faixa e até uma tradutora de libras para a sua apresentação. Com bandeiras e coro, os seguidores do grupo agitavam o salão durante a sua apresentação. “Foi um momento muito especial, poder representar o carimbó em um festival como esse. Fomos muito bem acolhidos pela produção e pela equipe de som. Festivais como o Outros Nativos são importantes para valorizar a cultura do nosso estado. Desejamos vida longa ao festival”, comentou o compositor.

Iris da Selva, que faz parte do movimento de carimbó de Icoaraci, tradicional Vila de Belém, trouxe também a força dos curimbós, mas trouxe um canto doce e melodioso, reforçado por backing vocals femininas que contava a história de uma sereia negra que fugiu porque fora impedida de cantar.  “Mas um dia ela vai voltar”, diz o verso final da canção.

Na fase de votação online, Iris foi às ruas pedir votos. Entrou com o banjo no ônibus e tocou para as pessoas. Foi a faculdades e tocou nas salas de aula. “Foi um momento muito especial, porque tive contato direto com o público e rapidamente ganhei mais de 100 votos, ao mesmo tempo em que as pessoas tiveram a oportunidade de conhecer a minha música. Estou muito feliz”, contou, emocionada.

A final do festival reuniu um público de cerca de 600 pessoas no Casota, onde além dos músicos e do público, havia empreendedores e lideranças comunitárias prestigiando o evento. “Um projeto lindo como esse, que traz arte e cultura para a periferia de Belém, deveria entrar no calendário cultural da cidade”, disse Augusto Hijo, músico e arte educador que coordena um projeto no Centro Comunitário Morada dos Sonhos, na Pass. Mucajá.

O Festival contou ainda com outras sete bandas e artistas concorrentes, de diferentes estilos. Camila Costa representou a tradicional MPB, acrescentando uma pitada de jazz em uma música de protesto; enquanto o reggaetown trouxe o ritmo da Jamaica. Mano Ió, defendendo a música “Batuque da Floresta”, trouxe ainda mais carimbó; por sua vez, o jovem compositor Reiner trouxe introspecção com uma levada indie trip hop. A banda Florisse trouxe a percussão e a cantiga Nordestina, enquanto Montalva e Entidade Selektah misturou rap com ragga e música eletrônica. O Projeto da Janela trouxe doçura e uma levada folk indie para o festival que celebrou a diversidade musical em um ambiente pacífico e solidário.

Além dos concorrentes, a festa contou com apresentação de rappers e músicos do bairro como Fartura Flame, Fartura Muk e Cachorrou Loko MC, e shows especiais de Pelé do Manifesto e Everton MC, além de Farofa Tropikal e Renato Rosas.

O Festival Outros Nativos é um projeto idealizado pelo jornalista, músico e produtor Elielton Alves Amador, que também tem um projeto musical intitulado Nicobates e Os Amadores e há 27 anos faz parte da cena musical de Belém, tendo tocado e produzido bandas como Norman Bates, Suzana Flag e Coletivo Rádio Cipó. Desde abril deste ano o projeto Outros Nativos vem realizando oficinas e ações culturais em escolas, centro comunitários e praças entre os bairros da Pedreira e Sacramenta.

 

Texto: Ver-o-Fato

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