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Catadores conquistam permanência em área após ameaça de remoção


>Postado em: 31 maio 2025

“Somos luta e resistência”

Durante o II Seminário de Educação Ambiental e Sustentabilidade – Diálogos para a COP 30, realizado em Belém nos dias 28 e 29 de maio, duas cooperativas de catadores celebraram uma importante conquista: a garantia de permanência no local onde atuam há mais de uma década, às margens do Canal São Joaquim, na periferia da capital paraense.

 

A Cooperativa de Trabalhadores de Materiais Recicláveis das Águas Lindas (Cootaral), também conhecida como Aral, e a Associação de Catadores da Coleta Seletiva de Belém (ACCSB) confirmaram a vitória após meses de mobilização, denúncias e negociações com o poder público. A decisão foi fruto de uma articulação entre a Prefeitura de Belém e o Governo Federal, acionados após denúncia ao Ministério Público, garantindo que ambas não seriam removidas do terreno onde operam.

A ameaça de remoção surgiu no contexto de obras de infraestrutura promovidas pelo Consórcio Itaipu, que está reformando quatro Unidades de Valorização de Recicláveis (UVRs) na cidade como parte da preparação para a COP 30. As duas cooperativas haviam sido inicialmente contempladas pelo projeto, mas enfrentaram resistência quanto à manutenção de suas instalações no local atual.

“A Itaipu Parquetec aceitou que as unidades da Aral e da ACCSB sejam reformadas no canal São Joaquim”, afirmou Sarah Reis, presidente da Aral, durante o seminário. “Para nós é uma alegria, porque já temos essa relação com a comunidade, com os parceiros, com as empresas. Seria muito difícil sair daqui.”

Segundo Sarah, a mobilização incluiu denúncias formais ao Ministério Público e uma carta entregue diretamente à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante uma viagem a Brasília. Ela relatou ainda que a luta se estendeu por diferentes gestões municipais, até que finalmente houve avanço nas negociações.

“Eles queriam nos tirar de lá à força, mas fomos para a luta. Hoje fomos chamados para receber a notícia de que a batalha foi ganha. Para nós, é um resultado da luta, de resistência. Esse é o nosso desafio daqui para frente: lutar por melhorias para todas as cooperativas de Belém e da Região Metropolitana”, completou Sarah.

Socorro Ribeiro, representante da ACCSB, também celebrou a conquista durante o evento. “É gratificante esse momento, esse evento, para a gente divulgar o nosso trabalho em parceria com a Itaipu. Estamos reconstruindo o nosso espaço, reconstruindo o nosso trabalho e o nosso futuro”, declarou.

Ela destacou ainda a importância da parceria com a Itaipu Parquetec não apenas para as obras de infraestrutura, mas também para a promoção da educação ambiental, tanto nas escolas quanto entre os parceiros das cooperativas.

“A gente só tem a agradecer, primeiramente a Deus, e abaixo de Deus, à Itaipu Parquetec e à Prefeitura”, concluiu.

A permanência das cooperativas no Canal São Joaquim representa não apenas a continuidade de suas atividades, mas também um reconhecimento da importância social e ambiental do trabalho realizado por catadores e catadoras em Belém. A expectativa agora é pela execução das reformas prometidas e pela ampliação do diálogo em busca de políticas públicas mais eficazes para o setor.

 

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